Atualizações na íntegra pelo twitter (twitter.com/anselmocunha)

28 de mai. de 2010

Nada sensacional

Fico impressionado com os rumos que tomam o jornalismo televisivo em algumas emissoras. Esta área resolveu inovar, e para isso, certas emissoras mandaram seus repórteres para as ruas fazerem ótimos programas de reportagens, como A Liga e Profissão Repórter. Enquanto outras, na tentativa de também evoluir, tirando a bancada apenas diminuiram bruscamente a sua qualidade criando a mais desagradavel, pra não dizer coisa pior, forma de barganhar audiência, o sensacionalismo.

São sempre pessoas irritadas que não suportam ver o povão sofrer que começam a esbravejar de raiva. Gritam, pulam e xingam das formas mais medíocres os suspeitos dos crimes. Não precisam de certeza sobre a informação para sairem berrando aos quatro cantos que se acontecesse com eles fariam justiça com as próprias mãos, gordas e lisas de quem foi criado em apartamento.

Sempre com o mesmo discurso, o discurso que o povo quer ouvir: "Lugar de bandido é na cadeia", "tem que matar um animal desse", "esse sujeito é um canalha"... Qualquer notícia se torna um furo de reportagem nesses programas. A criatura engravatada não precisa de ética, julga sem saber, afinal, é isso que agrada a audiência.

A notícia deveria ser passada de forma imparcial, de forma que o telespectador ouvisse ambos os lados e fizesse suas interpretações. Totalmente o contrario da proposta do programa sensacionalista. Mas esses programas são rentáveis, tem um público-alvo específico, o povo que gosta do que é pré pronto, até mesmo as ideias.

21 de mai. de 2010

Aluga-se

Ainda faltam alguns dias para o inicio da copa do mundo fifa, mas por aqui, desde a quarta-feira de cinzas, não se fala em outra coisa. Internet, rádio e televisão falam no evento sem parar, e foi justamente num desses que vi as adaptações que tiveram de ser feitas na África do Sul para acomodar os milhares de turistas que irão apreciar o evento. Foram gastos milhões em melhorias no transporte, infraestrutura e, principalmente, segurança no país. Sabemos que em 2014 a copa será no Brasil, e por aqui, como será a feita a maquiagem?

Será que conseguirão esconder o tráfico de drogas, a prostituição, a miséria, as enchentes, as pixações, o vandalismo, a corrupção, a violência, a sujeira, os engarrafamentos, as faltas de educação, de estrutura, de responsabilidade, de respeito e de cultura...? Darão um jeito. Maquiarão o país para o mundo não ver o lixo ao qual estamos acostumados. Pelo menos enquanto durar o evento.

Além de muitos turistas, veremos também em 2014, o dinheiro público, o nosso dinheiro público, sendo investido em algo, em vaidade. Afinal, nossos problemas não são urgentes, mais importante é mostrar ao mundo que tudo está bem. Que a grama brasileira é mais verde, e menos amarela, que a dos vizinhos.

Se o país possui dinheiro o suficiente para bancar um evento tão grandioso como uma copa do mundo, então por que não investe essa quantia para primeiro resolver os problemas internos, os problemas básicos. A nossa política internacional está de cabeça para baixo, querem a todo custo a alcunha de país de primeiro mundo, mas para isso não melhoram a qualidade de vida do povo, só os escondem dos olhos do mundo. Pensam que esconder a poeira embaixo do tapete vai resolver alguma coisa. Deprimente.

14 de mai. de 2010

Os lados

Estreou recentemente o programa A liga na Band. Trata-se de um programa de reportagens diferente, onde os repórteres em vez de cobrirem a notícia, a vivenciam. O que mais me chamou a atenção para o programa foi o assunto abordado já em sua primeira edição, o dia-a-dia de moradores de rua. Podemos ver um pouco dos inúmeros absurdos que esses coitados enfrentam diariamente.

Nós, cidadãos comuns, pensamos ter noção do quanto é sofrida a vida dessas pessoas. O programa nos mostrou que não fazemos nem ideia. Em apenas vinte e quatro horas, a equipe de repórteres presenciou cenas de violência, uso de drogas, sujeira, abandono e desprezo. Tudo isso em um dia, entre tantos anos que essas pessoas passam nas ruas.

Além das dificuldades de não ter um teto, essas pessoas sofrem com o desrespeito e o preconceito de outras. A maioria dos entrevistados pelo programa declarou já terem sido vitimas de violência. Covardias como tentativa de atear fogo, agressão física com taco de basebol e moral por parte de seguranças de inúmeros estabelecimentos.

Devemos rever nossos conceitos para com estes, assim entenderemos que aquelas pessoas não estão nas ruas porque querem, mas sim por força do destino. Portanto, são gente como a gente e deve-se, no minimo, respeitá-las. É bom ver que ainda se produz conteúdo de qualidade na nossa tv e péssimo ver que com tantos avanços técnologicos e sociais, ainda se vê pessoas largadas a própria sorte nas ruas. Que bom seria se os políticos vissem A liga.

7 de mai. de 2010

O joio e o trigo

Parabéns leitor não fumante, pois uma pesquisa realizada em Israel comprovou que além de livres desse vício, somos mais inteligentes que os fumantes. Outra pesquisa disse que homens que roncam traem mais suas mulheres. E uma outra, ainda mais sensacional, revela que canhotos vivem menos que destros, que tristeza. São muitas as pesquisas, poucas as certezas. Mas na imprensa tudo se torna verdade.

Ficaria contente caso o resultado da pesquisa sobre os fumantes fosse válido, pois provaria que os não fumantes, como eu, somos mais inteligentes que gênios como o músico John Lennon, o escritor J. R. R. Tolkien e o ator Jack Nicholson, todos fumantes. O cigarro pode ser causador de diversos males à saúde, e até por isso pode-se, de modo infundado, julgar os fumantes como menos inteligentes. Mas lógicamente, a falta ou o excesso de inteligencia não são alterados pela nicotina.

Isso é válido também para os outros resultados, definir traços de uma pessoa apartir de apenas uma característica é uma generalização absurda. Fazendo isso ignoramos toda uma carga subjetiva, todas as vivências, sentimentos e pensamentos dessas pessoas. É como dizer que todo o brasileiro gosta de samba pelo simples fato de ser brasileiro.

Milhares de pesquisas com resultados duvidosos são feitas todos os dias, e as midias as acolhem e divulgam como fatos, apenas por gerarem discussões e produzirem audiência. Não é uma pesquisa qualquer que vai provar o quanto somos mais ou menos inteligentes, quem trai ou é fiel ou quem vive mais ou menos. Cabe a nós separar o real do banal.