Atualizações na íntegra pelo twitter (twitter.com/anselmocunha)

30 de abr. de 2010

Em memória do povo

Ontem, em pronunciamento nacional relativo ao dia do trabalhador, nosso presidente lula relatou a ascensão de 31 milhões de brasileiros à classe média. Desejo a estes pequenos alpinistas, boas-vindas e minha sincera esperança de que não se percam em prestações e juros nessa nova fase. Também, segundo Lula, as classes A, B e C constitutem, atualmente, quase 70% da população nacional. Dados relevantes em ano de eleições. Porém, quero dedicar essa crônica aos esquecidos, aos 30% que constituem as classes D e E, aos trabalhadores pobres, à amarga massa.

São estes trabalhadores, que assim como o titã Atlas da mitologia grega, carregam o mundo nos ombros. Atlas sustentando os céus, os trabalhadores o capitalismo. Sem reclamar, sol a sol os peões do mundo erguem shoppings, prédios e hotéis luxuosos, dos quais jamais irão usufruir. Constroem um mundo que não os pertence, depois voltam, calmamente aos seus barracos, ao submundo que sobra a eles.

Há também os que desistem de sofrer. Cansados de esperar pela justiça, alguns desesperados, tentam fazê-la com as próprias mãos. Atacam porém, apenas outras vítimas, os culpados desse espetáculo sombrio estão muito acima, inalcançáveis atrás de palanques.

O dia do trabalhador não deve ser comemorado, deve ser uma data de reflexão ou, até mesmo, luto em nome daqueles que, no mundo todo, sofrem com péssimas condições de trabalho, recebem salários medíocres e nada fazem. Mal sabem que, assim como possuem a capacidade de construir o mundo, possuem também a capacidade de mudá-lo.

23 de abr. de 2010

Tributo imposto

Todos nós sabemos, ou deveriamos saber, que ao comprarmos um produto, seja ele qual for, já vem inserido, em seu valor, um tributo destinado ao governo. Esse tributo é chamado de imposto, e serve como verba para auxiliar os governantes a trazerem melhorias para seu povo. O problema é que isto é apenas a teoria, e no Brasil, a prática é bem diferente.

Aqui, no nosso país, são cobrados valores absurdos de imposto, chegando a, muitas vezes, passar de 50% o valor do produto. Sendo assim, na teoria seria ótimo, já que esse dinheiro deve ser investido em melhorias, teriamos excelentes escolas, estaduais e municipais, com profissionais bem remunerados e infra-estrutura maravilhosa, o transporte público seria impecável e não haveriam problemas de saneamento básico, consequentemente, a qualidade de vida melhoraria. Porém, estamos no Brasil, e essa é apenas a teoria.

O povo, que deveria receber os benefícios do dinheiro investido em impostos, o ve apenas em jornais, quando estes divulgam mais um escândalo dos governantes como mensalões, lavagem de dinheiro e subornos. Escândalos patrocinados pelo dinheiro público, eis ai o destino dos impostos brasileiros, eis ai a prática.

Pouco se fala desses impostos, raramente falam sobre como seriam os preços caso fosse descontado esse tributo. E até mesmo quando noticiam escândalos de corrupção com dinheiro público, como no caso Arruda, parecem abafar que aquele dinheiro, colocado na cueca, deveria estar nos nossos bolsos, bolsos do povo brasileiro.

16 de abr. de 2010

Menino homem

Não é fácil, hoje em dia, ver crianças brincando nas ruas, não só nas ruas, é difícil vê-las brincando em qualquer lugar. E, afinal, onde estão as crianças? A resposta é simples, estão na frente da televisão ou, pior ainda, nos shoppings. Já não são mais crianças, são novos consumidores.

O capitalismo, dito selvagem, já não poupa mais nem nossas próles. As crianças não querem mais brincar, brincar é coisa de criança, elas querem ser como os adultos, melhor, querem consumir como os adultos. Maquiagens, video-games, roupas, celulares e tantos outros itens estão substituindo os brinquedos, tão normais nessa fase da vida. E as empresas vão ao delírio, afinal, mais consumidores, mais dinheiro.

Reparem vocês nas propagandas de produtos infantis, raramente há alguém brincando, são sempre crianças interpretando adultos, crianças convencendo crianças de que infância é coisa do passado, cafonice de gente velha, e que o legal agora é ter a botinha da barbie, não mais a boneca.

A minha dúvida, caro leitor, é quanto ao que os pais dessas crianças devem fazer para protegê-las. Trancá-las no porão, onde não há influências externas, ou conversar, como adultos, e adaptá-las ao caos do nosso tempo. Conversar, sem dúvidas, é mais humano.

12 de abr. de 2010

A Europa (ainda) é aqui

Nessa semana o meu tão adorado inverno havia voltado, mas, infelizmente, já se foi. Talvez tenha ido até o hemisfério norte despedir-se da Europa, Estados Unidos, Japão. Afinal, não deve ser fácil, nem mesmo para o inverno, sair das metrópoles e voltar para a inocente colônia, Brasil.

Inocente Brasil, primeiro era o escambo, foi-se o ouro e o pau-brasil. Mas agora os tempos são outros, o inocente tem poder, tem voz ativa. A colônia, também conhecida como terceiro mundo, ganhou até um nome mais requintado, país em desenvolvimento. No entanto, o quilo da laranja aqui vendida a um real, continua sendo revendida, aqui mesmo, por cinco reais, em forma de suco de caixinha, caixinha do primeiro mundo.

O norte sempre será melhor, nos filmes, nas músicas, nos carros, em tudo. E nós, desgraçados brasileiros, continuemos de braços cruzados, esperando que caiam do céu melhorias em nossa educação, honestidade na política e sucos em caixa por um preço justo.

5 de abr. de 2010

Pânico na política

Não é de hoje que o programa pânico na tv tem atingido altos níveis de audiência nos domingos a noite. Com seu humor escrachado e mulheres semi-nuas, uma combinação simples, mas de efeito significativo, o programa está batendo um dos trunfos da rede globo, o fantástico, e até mesmo o todo poderoso do sbt, Silvio Santos.

Toda essa audiência desperta os sentidos de quem procura seus quinze minutos de fama, já que o programa dá brechas para esse tipo de auto promoção. Como no caso do já esquecido "humorista" Zina, que ganhou os quinze minutos e também uma casa. Mas o que me deixa pasmo é o modo como pessoas públicas, como políticos, se expõem ao ridículo para conseguir mais popularidade através do programa. Nas últimas edições, foi anunciado o início de uma espécie de corrida, para ver qual dos candidatos à presidência, a petista ou o tucano, vai se expor ao ridículo primeiro, dançando o rebolation, em busca de votos desinformados, que são facilmente atraídos por banalidades como essa.

O problema não está no político, ou seja lá quem for, fazendo macaquices para conseguir popularidade, mas sim no cidadão que muda seu voto por coisas absurdas como essa. Fazer banalidades em rede nacional para adquirir admiração não é sinonimo de competência presidencial, é apenas um reflexo de um povo que não sabe o valor do seu voto e candidatos espertalhões querendo estes votos desinformados a todo custo.

As eleições estão se aproximando, mas ainda tem muitos domingos de pânico pela frente. Pense antes de votar, analise muito bem seus candidatos antes de apertar a tecla verde. Não troque seu voto por sorrisos falsos e vexames em rede nacional, isso não é sinal de honestidade, muito menos de compromisso.